ZDB

Música
Concertos

RAHU de Alex Zhang-Hungtai, David Maranha, Gabriel Ferrandini, Júlia Reis e Pedro Sousa

qui12.05.1622:00
Galeria Zé dos Bois


Alex Zhang-Hungtai é um homem de muitas vidas. Enquanto entidade Dirty Beaches construiu um universo em modo película sem igual. Ainda que com personagens e paisagens vagamente reconhecíveis – por lá pairavam os fantasmas de Suicide ou alguma iconografia da década de 50 – o que daí resultou foi uma combinação surreal e atraente. Badlands capsulou com mestria cada um desses elementos e colocou-o, por instantes, nas páginas e nos palcos que interessavam. Um quase fenómeno na música independente com as naturais projecções e especulações sobre tão promissor futuro. Seguiu-se um par de discos e alguns lançamentos à margem, mais dissolvidos que o anterior, mas preservando a aura enigmática desde logo cunhada. Com uma identidade musical estabelecida e admirada pela indústria e pelo público, seria uma jogada pouco óbvia terminar precisamente a meio da cena. Mas aconteceu. A produção artística continuou e com ela a reinvenção. Em finais de 2014 dá a conhecer um novo projecto denominado Last Lizard onde aprofunda algumas sugestões do passado – em especial da atmosfera ambiental e onírica presente no brilhante Waterpark OST. Afastado dos parâmetros do rock, a proximidade às formas abstractas do jazz guiam-no a uma noção de música genuinamente livre e ancorada na experimentação.

Desde então Zhang-Hungtai tem vindo a tocar com regularidade em espaços europeus como o Café Oto, em Londres, recorrendo a diversas colaborações com músicos locais. A sua residência por Lisboa enraizou-o não apenas à cidade mas naturalmente às pessoas. O concerto temático Landscapes in the Mist – uma parceria ZDB com o Teatro Maria Matos, relevou a relação que ainda hoje perdura. Já após essa apresentação voltou a Lisboa, novamente para espectáculo único, dessa vez em torno da obra de John Coltrane e acompanhado por dois conhecidos portentos nacionais: David Maranha e Gabriel Ferrandini. Last Train To God Knows Where delineou um encontro irrepetível no conteúdo e contexto, mas não na forma.

Pegando nessa experiência e ampliando o raio de participações, regressa à sala que o acolheu pelas primeiras vezes. Para além dos já citados, junta-se o saxofone de Pedro Sousa (CAVEIRA, Volúpia das Cinzas) e a percussão de Júlia Reis (Pega Monstro). Um quinteto composto especialmente para a ocasião, aproveitando o laço de amizade e trabalho que foi estabelecendo com cada um. Rahu será o signo do encontro cuja essência sonora estará ligada a uma base performativa surpreendente. De quem abandonou a zona confortável de um certo estrelato para se abraçar a novos desafios só se pode esperar a melhor das intenções. Quando partilhado com outros talentos, as possibilidades de viagem multiplicam-se e requerem testemunhos. Ou por outras palavras, uma chamada de comparência obviamente irrecusável. NA

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