ZDB

Música
Concertos

Julia Holter

ter23.07.1322:00
Galeria Zé dos Bois


Escutar o passado e observar o presente de Julia Holter, quase nos obriga a projectar o seu futuro. Não de uma forma explícita, mas porque, pura e simplesmente, é difícil esquecer uma obra como ‘Tragedy’ ou captar o perfil de uma artista ainda em progresso. De resto, existe um caminho criativamente intrigante e abrangente que lhe tem permitido abordar outras latitudes, chegando a novos patamares – sonoros e mediáticos. Assistir a tudo isto tem sido surpreendente. Neste processo, o novíssimo ‘Loud City Song’ assume-se como um terceiro álbum oficial e uma terceira vida de Holter. Será errado enquadrá-lo isolado do material até então criado; contudo, reserva um imaginário amplamente próprio e cheio de novidades. Rodeada de amigos e colaboradores, onde se integra a produção de Cole M. Grieff-Neill (com currículo junto de Ariel Pink, Nite Jewel e Beck), a sempre mítica cidade de Los Angeles acolheu estes encontros e simbolizou um certo retorno a casa. Da produção solitária de quarto para a interpretação colectiva foi um passo natural. Os arranjos melódicos e vocais assumem aqui um papel predominante, fazendo-se ouvir com uma valiosa espontaneidade e uniformidade com a recolha de field recordings existentes. Há espaço para o silêncio, para o suspense e para a imersão total. Espaço é, aliás, um elemento basilar na música de Holter; nasce de um pormenor e parece expandir-se para o infinito. Ensinamentos de John Cage, Robert Wyatt ou Laurie Anderson ecoam ao longo do álbum, captando o melhor de cada um. Na verdade, as canções de ‘Loud City Song’ já existiam na sua forma mais conceptual há cerca de um ano. Por sua vez, o corpo de cada uma delas viria a surgir mais tarde num cenário de estúdio – já bem distante da estética de baixa fidelidade dos primeiros tempos. Uma mudança que releva, mais que nunca, a veia composicional da artista, que não esconde o desejo de um dia ter a sua própria orquestra. Uma segunda visita ao país, novamente pela mão da ZDB, depois de uma estreia imaculada na Igreja de St. Georges. Neste regresso, a ocasião acaba por ser novamente especial, pelo facto de acontecer num local intimista como o Aquário – uma exceção na digressão que passará, sobretudo, por lugares de maior dimensão. Sonhos de Verão, de L.A para Lisboa. NA

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