Após residências de criação no NEGÓCIO, temos o prazer de apresentar o espectáculo hOtelo, de Pedro Lacerda, uma leitura a partir da peça “Otelo” de William Shakespeare, em co-produção com a ZDB.

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A partir da peça “Otelo” de William Shakespeare e do negócio lisboeta mais rentável dos últimos tempos, três actores convocam: Otelo, Iago e Desdémona e contam a sua história e a nossa num tempo limitado, num espaço alugado.
“hOtelo” é um projecto que procura um teatro de actores, é um projecto que parte de um texto na tentativa de chegar a um espectáculo. É um percurso, uma apropriação mutilada do texto de Shakespeare que parte de uma história para a roubar para a nossa história, abolindo personagens e usando as personagens sempre que são úteis, falando ao público directamente e tentando encontrar a nossa vida na vida de Otelo.

Para além do texto de Shakespeare, interessa-nos explorar a discussão que ele provoca não só entre os criadores do espectáculo, mas também junto do público. Os temas abordados em “Otelo” estimulam o questionamento de cada um de nós como homens mas também como cidadãos. Interessa-nos acima de tudo valorizar a acutilância da escrita de Shakespeare no modo como lida com temas como o ciúme, o amor, a manipulação, a diferença de classes, o racismo; assim como a sua actualidade sob o ponto de vista político e social. Interessa-nos ainda o formato da tragédia. Neste “hOtelo” cruzamos fontes e tentamos reconstruir o puzzle de uma história marcada pela inevitabilidade da natureza humana.

Se “Shakespeare assume a tragédia moral da sua época”, nós assumimos a nossa.

Este projecto é uma criação de Pedro Lacerda e surge no seguimento do espectáculo LENZ, a partir da obra homónima de Büchner, apresentado no início de 2013 no NEGÓCIO. Deste modo damos continuidade a uma relação de estreita colaboração com estruturas como a ZDB que se têm revelado fundamental para o desenvolvimento de projectos de criação pontuais e não financiados por estruturas fixas.



“Hoje aconteceu-me algo que espero vir a perceber um dia”

in The Perfect Human de Jorgen Leth